sexta-feira, julho 11, 2025
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    Ministro Haddad vê tarifaço de Trump como “golpe contra o Brasil”

    Ministro da Fazenda acusa bolsonarismo de articular crise e diz que tarifa de 50% será desastrosa até para quem a promoveu

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (10) que a tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre todos os produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano será desastrosa para quem a promoveu. Segundo Haddad, o aumento tarifário representa um “golpe contra o Brasil” articulado por forças extremistas internas, mas que não se sustentará.

    “Não há outra explicação: esse golpe contra o Brasil, contra a soberania nacional, foi urdido por forças extremistas de dentro do país. Como eu acredito que o tiro vai sair pela culatra, acredito que isso não pode se sustentar”, disse Haddad em entrevista ao Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

    Na quarta-feira (9), Trump enviou carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciando a nova tarifa, prevista para entrar em vigor em 1º de agosto. No documento, Trump mencionou o ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, como justificativa para a medida.

    Haddad culpa bolsonarismo e aponta efeitos negativos

    Para Haddad, a decisão americana tem motivação política envolvendo a família Bolsonaro. O ministro lembrou que Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, reside atualmente nos EUA e se posiciona publicamente sobre temas ligados à política brasileira.

    “A única explicação plausível para o que foi feito ontem é porque a família Bolsonaro urdiu esse ataque ao Brasil, com um objetivo específico, que é escapar do processo judicial que está em curso”, afirmou Haddad.

    Haddad acredita que as consequências da decisão serão graves para os próprios articuladores da crise. “O resultado desse tipo de ação vai ser desastroso para quem promoveu. Não vai ser bom para quem promoveu. Isso vai trazer implicações graves que não interessam a ninguém”, avaliou.

    O ministro defendeu a diplomacia como ferramenta para resolver o conflito e prevê que até aqueles que ajudaram a fomentar o ataque ao Brasil podem acabar tentando recuar. “Talvez quem ajudou a promover esse ataque ao Brasil vai acabar se arrependendo e se mexendo para tentar reparar, com uma retórica totalmente torta, o estrago que já fez.”

    São Paulo entre os mais afetados

    Haddad apontou que o estado de São Paulo será um dos mais prejudicados pelo tarifaço, pois itens como suco de laranja, máquinas e aeronaves — fabricados no estado — são importantes na pauta exportadora para os EUA.

    “A extrema-direita vai ter que reconhecer, mais cedo ou mais tarde, que deu um enorme tiro no pé, porque está prejudicando o principal estado do país, justamente o estado de São Paulo. É o suco de laranja de São Paulo, são os aviões produzidos pela Embraer, que é uma conquista histórica da tecnologia brasileira. O governador [Tarcísio de Freitas] errou muito, porque, ou bem uma pessoa é candidata a presidente, ou é candidata a vassalo. E não há espaço no Brasil para vassalagem. Desde 1822 isso acabou”, criticou o ministro.

    Governo aposta na diplomacia e reciprocidade

    Haddad frisou a importância das relações entre Brasil e EUA, que já somam 200 anos, e acredita que haverá uma solução diplomática. O presidente Lula defendeu a soberania nacional e prometeu resposta com base na Lei de Reciprocidade Econômica, sancionada em abril, que permite adoção de contramedidas comerciais, inclusive suspensão de concessões e restrições a importações.

    “Eu creio que foi um dia ruim e que nós vamos ter que encontrar um caminho de superar e esquecer que ele aconteceu para boa relação entre dois povos que se gostam”, disse Haddad.

    Ele informou que lideranças de diversos setores produtivos estão “de cabelo em pé”, buscando apoio do governo para lidar com o impacto econômico do tarifaço. “Nós temos, nesse momento, que estar unidos, o setor produtivo, o agronegócio, com a indústria paulista que é a mais afetada.”

    Multilateralismo e crítica à globalização neoliberal

    A crise ocorre na mesma semana em que Trump e Lula trocaram críticas em função da realização da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro. Trump chegou a ameaçar sanções a países alinhados ao bloco, movimento que agora se concretiza em relação ao Brasil.

    Haddad defendeu o multilateralismo e negociações diversificadas. “O Brasil é grande demais para ser apêndice de bloco econômico”, declarou o ministro, criticando o modelo de globalização neoliberal.

    “O Brasil acredita numa reglobalização sustentável. A globalização neoliberal não deu certo. Produziu enormes desequilíbrios, muito em virtude daquilo que foi a receita do Norte Global. O Norte Global colocou a globalização neoliberal como objetivo máximo do fim da história. E o que aconteceu foi que houve uma corrida, e, nessa corrida, a China levou a melhor”, concluiu Haddad.

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