Assumindo a dimensão política da sobretaxa de 50% imposta a todos os produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o subsecretário de Diplomacia Pública dos EUA, Darren Beattie, afirmou nesta segunda-feira (14) que o tarifaço é uma “consequência há muito esperada”. Segundo ele, a medida do governo americano teria sido motivada pelos “ataques” do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
“O presidente Trump enviou uma carta impondo consequências há muito esperadas à Suprema Corte de Moraes e ao governo Lula por seus ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio americano. Tais ataques são uma vergonha e estão muito abaixo da dignidade das tradições democráticas do Brasil”, publicou, em inglês, o alto funcionário americano em seu perfil no X (antigo Twitter). “As declarações do presidente Trump são claras. Estaremos observando atentamente”, concluiu o subsecretário Beattie em seu comunicado.
President Trump sent a letter imposing long-overdue consequences on de Moraes’ supreme court and Lula’s government for their attacks on Jair Bolsonaro, freedom of expression, and American trade.
Such attacks are a disgrace and fall well below the dignity of Brazil’s democratic… pic.twitter.com/jmwJbGDrpR
— Senior Official for Public Diplomacy (@UnderSecPD) July 14, 2025
STF reage às críticas e defende autonomia
No domingo (13), o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, saiu em defesa da autonomia do Judiciário brasileiro e criticou a taxação imposta pelos Estados Unidos.
Na carta que oficializou o aumento das tarifas, Donald Trump atacou diretamente o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, chamando-o de “uma desgraça internacional” e dizendo que “esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!”.
A página oficial da embaixada dos EUA no Brasil republicou e traduziu a postagem de Darren Beattie, endossando a mensagem do subsecretário. Conforme a definição do órgão americano, “o Subsecretário de Diplomacia Pública lidera os esforços do Departamento para expandir e fortalecer as relações entre o povo dos Estados Unidos e cidadãos de outros países” e atua para “promover interesses nacionais, buscando envolver, informar e compreender as perspectivas de públicos estrangeiros”.
.@POTUS Trump enviou uma carta impondo consequências há muito esperadas ao Supremo Tribunal de Moraes e ao governo Lula, em resposta aos ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio dos EUA. Esses ataques são vergonhosos e desrespeitam as tradições… https://t.co/HmXxdSiItS
— Embaixada EUA Brasil (@EmbaixadaEUA) July 15, 2025
Viés político e impacto econômico
A dimensão política do tarifaço já vinha sendo reconhecida por aliados do ex-presidente brasileiro. Em entrevista à GloboNews na última sexta-feira (11), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, afirmou que “a sanção que o Trump impõe não é meramente econômica, todos nós sabemos disso. Ela tem, sim, um viés político, e tem um viés econômico, porque o Trump olha para a América do Sul e enxerga para onde o Lula está levando nosso País”.
As novas taxas sobre produtos brasileiros estão previstas para entrar em vigor no dia 1º de agosto. Até lá, o governo brasileiro busca alternativas por meio de um comitê interministerial coordenado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.
Direita também busca reverter tarifa
Além de aliados do governo, figuras da direita, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também tentam negociar para reverter ou ao menos adiar o tarifaço. Porém, Paulo Figueiredo, blogueiro próximo do ex-presidente Bolsonaro e do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que dos EUA faz pressão por sanções em troca de anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro, criticou os esforços do governador. Segundo ele, Tarcísio “atrapalha sem saber” ao tentar reverter as taxas, retardando um possível acordo para um perdão que, afirma, poderia ser negociado para evitar as tarifas.
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