sexta-feira, julho 11, 2025
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    Plano global propõe US$ 7 bi anuais à COP30 para impedir colapso climático na Amazônia

    Documento alerta que floresta já perdeu 17% da cobertura original e propõe fundo internacional, rastreabilidade e repasses diretos a comunidades locais

    Organizações da sociedade civil, centros de pesquisa e lideranças nacionais e internacionais entregaram à presidência da COP30 um plano de ação para atrair novos investimentos destinados à proteção da Amazônia. O documento, intitulado “Ampliando Grande Financiamento de Soluções Baseadas na Natureza para Proteger a Amazônia: Um Roteiro para a Ação”, traz dados alarmantes: a floresta amazônica já perdeu 17% de sua cobertura vegetal original, e outros 31% estão degradados.

    Segundo a projeção apresentada, caso mais 5% da floresta sejam devastados, o bioma poderá entrar em colapso, liberando bilhões de toneladas de carbono na atmosfera e inviabilizando o cumprimento do Acordo de Paris, que busca limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC. O documento solicita que o Brasil, como país-sede da COP30, lidere um pacto global pela floresta.

    US$ 7 bilhões anuais para evitar ponto de não retorno

    A proposta central do plano é mobilizar ao menos US$ 7 bilhões por ano, valor considerado necessário para impedir que a Amazônia atinja o ponto de não retorno — momento em que a degradação se tornaria irreversível, comprometendo o equilíbrio climático do planeta. A carta foi entregue à secretária nacional de Mudança do Clima e Diretoria Executiva da COP30, Ana Toni, que defende metas ambiciosas, como a conservação de 331 milhões de hectares, a restauração de 600 mil km² de áreas degradadas e a garantia de repasses diretos a povos indígenas e comunidades locais, considerados os principais guardiões da floresta.

    Entre as soluções propostas estão a criação de um fundo internacional permanente — o Tropical Forest Forever Facility (TFFF) — e o fortalecimento de programas de rastreabilidade de cadeias produtivas, como o da carne bovina no Pará e a Moratória da Soja. Para o senador Beto Faro (PT-PA), que acompanha de perto os preparativos da conferência, a COP30 é a oportunidade histórica para o Brasil liderar uma mudança na percepção mundial sobre a Amazônia.

    “Enquanto isso, quem lucrou com a devastação assiste à crise climática de camarote e ainda nega os efeitos visíveis das alterações no meio ambiente”, criticou o parlamentar.

    Financiamento climático ainda é insuficiente

    Estudo do Banco Mundial aponta que os US$ 7 bilhões anuais são cruciais para manter a integridade da floresta. No entanto, na última década, apenas US$ 5,8 bilhões foram mobilizados globalmente para esse objetivo. O financiamento climático atual é desigual: somente 3% dos recursos globais são destinados a soluções baseadas na natureza voltadas para mitigação, e 11% para adaptação — percentuais muito abaixo do necessário.

    Além do financiamento robusto, o documento pede o redirecionamento de subsídios públicos que ainda favorecem atividades predatórias, como a grilagem e o desmatamento em florestas públicas não destinadas, responsáveis por cerca de 30% da perda anual de vegetação nativa no Brasil.

    A proposta também inclui o fortalecimento da governança local, investimentos em tecnologias de monitoramento ambiental, garantias fundiárias e salvaguardas socioambientais, com o protagonismo direto dos Povos Indígenas e Comunidades Locais (PICLs).

    Amazônia no centro da agenda global

    “O Brasil tem a oportunidade histórica de liderar uma transformação global. É hora de reconhecer o enorme potencial que a natureza tem para proteger o planeta. E, além de mobilizar recursos, precisamos garantir que eles cheguem aos territórios de quem realmente protege a floresta. A COP30 pode ser o marco de uma nova era de cooperação internacional, com a Amazônia no centro e no coração do planeta”, afirmou Juliana Simões, da The Nature Conservancy (TNC) Brasil, uma das signatárias do plano.

    O documento traz ainda recomendações como o lançamento de uma Declaração Global pela Amazônia, o apoio a iniciativas como o Programa ARPA, o Fundo Podáali, a Inovação Financeira para Amazônia, Cerrado e Chaco (IFACC), e o fortalecimento da cooperação entre bancos públicos, empresas, movimentos filantrópicos e governos. A expectativa é que a carta seja incorporada à agenda oficial da Presidência da República na COP30 e contribua para posicionar o evento como ponto de inflexão no combate à crise climática.

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