sábado, julho 12, 2025
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    Lula defende independência do Brics e critica tarifa de Trump

    Em meio às crescentes tensões com os Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na noite desta quinta-feira (10), que o Brics seguirá discutindo mecanismos mais autônomos para fortalecer as relações comerciais entre os países do grupo. As declarações ocorreram em entrevistas ao Jornal Nacional, da TV Globo, e ao Jornal da Record, da Record TV, dias após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA.

    “O Brics é um fórum que ocupa metade da população mundial e quase 30% do PIB mundial. E 10 países do Brics participam do G20 [incluindo o Brasil], onde o senhor Trump participa [pelos EUA]”, destacou Lula na entrevista à TV Globo.

    O presidente criticou a dependência global do dólar e defendeu alternativas para o comércio internacional, incluindo a criação de uma moeda própria ou acordos de transações nas moedas locais.

    “Nós cansamos de ser subordinados ao Norte. Queremos ter independência nas nossas políticas, queremos fazer comércio mais livre. Nós estamos discutindo, inclusive, a possibilidade de ter uma moeda própria, ou quem sabe, com as moedas de cada país, fazer comércio sem precisar usar o dólar”, afirmou Lula.

    Críticas à postura de Trump

    No Jornal da Record, Lula disse que a decisão de Trump evidencia insatisfação com o protagonismo global do Brics e questionou a imposição de relações comerciais lastreadas exclusivamente no dólar.

    “Eu não sou obrigado a comprar dólar para fazer relação comercial com a Venezuela, com a Bolívia, com a Suécia, com a União Europeia, com a China. A gente pode fazer nas nossas moedas. Por que eu sou obrigado a ficar lastreado pelo dólar, que eu não controlo? Quem tem uma máquina de produzir dólar são os EUA, não nós”, criticou.

    Lula também defendeu que divergências comerciais devem ser resolvidas em fóruns multilaterais como o G20, e não por meio de medidas unilaterais que ele classificou como ataques à soberania nacional.

    “Se ele [Trump] tivesse divergência, o correto seria numa reunião do G20 ele levantar o problema, vamos fazer uma discussão civilizada, nos convença, vamos discutir. O que ele não pode é agir como se fosse dono dos outros”, disparou o presidente.

    Segundo Lula, Trump não entrou em contato diretamente com o governo brasileiro para comunicar a decisão. “Ele poderia ter ligado para o Brasil para dizer a medida que ele vai tomar. Ele não mandou nenhuma carta, nós não recebemos carta. Ele publicou no site dele, numa total falta de respeito, que é um comportamento dele com todo mundo. E eu não sou obrigado a aceitar esse comportamento desrespeitoso entre relações de chefe de Estado, de relações humanas.”

    Lula promete manter IOF

    Na entrevista à Record TV, Lula também comentou sobre o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), tema que provocou impasse entre o Executivo e o Congresso Nacional. O presidente disse que, se houver necessidade de corte de R$ 10 bilhões no orçamento, as emendas parlamentares também serão afetadas.

    “O deputado sabe que, se eu tiver que cortar R$ 10 bilhões, eu vou cortar das emendas dele também. Como eles sabem e eu sei, é importante a gente chegar num ponto de acordo. Eu posso antecipar para você: eu vou manter o IOF. Se tiver um item no IOF que esteja errado, a gente tira aquele item, mas o IOF vai continuar”, declarou Lula.

    O presidente reafirmou que editar decretos faz parte de suas atribuições constitucionais. “Fazer decreto é responsabilidade do presidente da República. E os parlamentares podem fazer um decreto-lei para eles, se tiver cometido algum erro constitucional, coisa que não cometi”, completou.

    Na semana passada, após uma derrota histórica do governo no Congresso, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu tanto os decretos do Executivo que elevam o IOF quanto o decreto legislativo que derrubava essa medida. Para tentar resolver o impasse, Moraes determinou uma audiência de conciliação entre o governo federal e o Congresso Nacional para o próximo dia 15 de julho, em Brasília.

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