A escalada da guerra comercial entre China e Estados Unidos voltou a se intensificar nesta quarta-feira (9), após o governo chinês anunciar uma tarifa de 84% sobre produtos importados dos EUA. A medida, divulgada pelo Ministério das Finanças da China, é uma resposta direta à decisão do presidente norte-americano Donald Trump, que elevou em mais 50% os impostos sobre produtos chineses, somando 104% de tarifas de importação para bens distribuídos nos EUA.
A ação marca mais um capítulo do embate comercial entre as duas maiores economias do mundo. Na véspera, o governo Xi Jinping já havia declarado que o país “lutaria até o fim” para defender seus interesses. A agência estatal Xinhua confirmou a retaliação chinesa e enfatizou o posicionamento firme de Pequim.
“Os EUA continuam impondo tarifas e exercendo pressão máxima sobre a China, que se opõe firmemente e jamais aceitará tal intimidação“, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lian Jin.
China acusa EUA de intimidação e publica livro branco sobre relações comerciais
Em paralelo às medidas tarifárias, a China lançou o “livro branco sobre as relações econômicas e comerciais entre China e EUA”, documento com 51 páginas que detalha a posição histórica do país em relação ao comércio bilateral. O texto critica o unilateralismo e o protecionismo dos EUA, que teriam prejudicado significativamente a cooperação econômica desde o início do conflito em 2018.
Segundo a Xinhua, os EUA impuseram tarifas sobre mais de 500 bilhões de dólares em exportações chinesas, incluindo ações motivadas por questões como o fentanil e tarifas denominadas “recíprocas”. O documento ainda denuncia que essas ações são “isolacionistas e coercitivas”, ferindo os princípios do multilateralismo.
Trump ironiza líderes internacionais e eleva tensão global
Do lado americano, Donald Trump intensificou a retórica durante um jantar do Comitê Nacional Republicano no Congresso dos EUA, ironizando as tentativas de negociação de líderes estrangeiros.
“Esses países estão nos ligando, beijando meu c*. Eles estão doidos para fazer um acordo”, disparou Trump, usando a expressão “kissing my ass“, comumente traduzida como “puxando meu saco” no português.
China promete apoio ao setor privado diante da escalada da guerra comercial
Em reação ao aumento das tarifas americanas, o governo chinês também anunciou medidas de estímulo à economia doméstica. A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC) realizou uma reunião com empresas como Didi Chuxing e Goertek para discutir estratégias de fortalecimento do setor privado frente às novas sanções.
A China não descarta novas retaliações, mas sinaliza que seguirá aberta ao diálogo, desde que os EUA adotem uma postura de “igualdade, respeito e reciprocidade”.
Mercado asiático reage com volatilidade; bolsas chinesas fecham em alta
Apesar do clima de tensão, os mercados chineses reagiram positivamente à postura firme de Pequim. O índice CSI 1000 subiu 2,21%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, fechou com alta de 0,74%.
Já em outros países asiáticos, o cenário foi de queda. O índice Nikkei, do Japão, recuou 3,78%, e o Kospi, da Coreia do Sul, caiu 1,97%.
Principais bolsas europeias também registram perdas
A escalada da guerra comercial entre China e EUA impactou os mercados globais. As principais bolsas da Europa abriram em queda nesta quarta:
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DAX (Alemanha): -1,31%
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CAC 40 (França): -1,71%
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FTSE 100 (Reino Unido): -1,66%
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Itália 40: -1,61%
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IBEX 35 (Espanha): -1,38%
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AEX (Holanda): -1,82%
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SMI (Suíça): -3,12%
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