A campanha digital “Greve das Redes” convida usuários de todo o Brasil a ficarem 24 horas sem acessar nenhuma rede social nesta segunda-feira (21). A ação surge como um alerta para os efeitos nocivos do uso excessivo dessas plataformas, que, segundo especialistas, afetam a saúde mental de crianças, adolescentes e também adultos. Com o slogan “Desliga e respira”, a iniciativa propõe uma pausa coletiva para refletir sobre os impactos da hiperconectividade.
Origem do movimento “Greve das Redes”
O movimento, que ganhou força nas redes com a hashtag #blecautedasredes, foi idealizado pela psicanalista Vera Iaconelli, colunista da Folha, e pelo designer Pedro Inoue, diretor criativo da Adbusters — fundação canadense conhecida por campanhas como “Buy Nothing Day” e “Occupy Wall Street”. A proposta surgiu após o debate provocado pela série da Netflix “Adolescência”, que aborda tragédias reais ligadas ao ódio digital e à exposição extrema nas redes.
Contexto e preocupações
A campanha também surge no rastro de preocupações internacionais sobre os danos das redes sociais, especialmente após o anúncio de que a Meta (empresa de Zuckerberg) reduziria sua moderação de conteúdo no Facebook e Instagram. O lançamento do livro “A Geração Ansiosa”, de Jonathan Haidt, reforçou o debate ao mostrar como a infância hiperconectada está associada ao aumento de transtornos mentais.
A discussão ganhou ainda mais urgência após a morte da menina Sarah Raíssa Pereira de Castro, de 8 anos, vítima de um desafio viral. Para Iaconelli, casos como esse comprovam o potencial destrutivo dos algoritmos e a necessidade de regulação. “A internet é maravilhosa, mas as redes precisam ser reguladas. Geram hábitos tóxicos e aditivos com os quais não conseguimos lidar sem uma ação consciente e coletiva”, afirma.
Adesão e impacto
Embora o movimento tenha se espalhado organicamente, com adesão de influenciadores como o pediatra Daniel Becker, professores e perfis ativistas como o Sleeping Giants, seus criadores fizeram questão de divulgar que a campanha tem autoria — para evitar a ideia de que se trata de um fenômeno espontâneo ou sem direção. “Somos a última geração que lembra da vida antes das redes. Precisamos usar isso a nosso favor”, diz Vera.
A campanha propõe uma reflexão mais do que um desafio. “Se você não conseguir ficar 24 horas fora das redes, mas parar para pensar sobre o assunto, já valeu”, afirma a psicanalista. O manifesto da iniciativa lembra que, embora sejamos explorados pelas plataformas, também temos um poder coletivo: o de parar, nem que seja por um dia.
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