terça-feira, setembro 16, 2025
More
    InícioDestaquesSaúde mental no trabalho: A escalada da medicalização no Brasil

    Saúde mental no trabalho: A escalada da medicalização no Brasil

    A escalada da medicalização: uso de medicamentos para saúde mental dispara no Brasil

    A saúde mental no ambiente corporativo brasileiro vive um paradoxo: enquanto o discurso sobre bem-estar se fortalece, o uso de medicamentos para lidar com estresse, ansiedade e burnout disparou. Uma pesquisa de 2025 da The School of Life e Robert Half aponta que 52% dos líderes e 59% dos liderados declararam usar esses medicamentos, um salto acentuado em relação ao ano anterior. O fenômeno revela que a pílula se tornou um recurso comum para manter o ritmo em um mercado de trabalho que ainda impõe alta pressão.

    Uma Crise Silenciosa: A Medicalização da Força de Trabalho Brasileira

    O aumento no uso de medicamentos psiquiátricos no Brasil é reflexo de uma crise de saúde mental mais ampla. Dados do sistema público de saúde mostram que os atendimentos de saúde mental dobraram entre 2013 e 2023 , e o consumo de antipsicóticos e antidepressivos cresceu em mais de 50% no mesmo período. A crise também se manifesta nos índices de afastamento do trabalho, que registraram um aumento recorde de 68% em 2024, totalizando quase meio milhão de licenças médicas por transtornos mentais.

    Apesar de um dado inicial curioso, que indica que apenas 40% dos brasileiros se sentem estressados, outros estudos colocam o Brasil como um dos países mais estressados do mundo. Essa discrepância sugere que o tabu em torno da saúde mental leva muitos a ocultar seu sofrimento, tornando o uso de medicamentos um indicador mais preciso do problema real.

    O Tabu da Vulnerabilidade: O Peso na Saúde Mental dos Líderes

    O sigilo em relação à saúde mental é especialmente notável entre a alta gestão. Quase três em cada quatro gestores evitam revelar que usam medicamentos, o que se alinha com o mito do “líder herói”, uma figura idealizada que é vista como infalível e incansável. Essa cultura de aversão à vulnerabilidade cria um ambiente onde líderes se sentem compelidos a esconder suas fragilidades, o que impede a construção de um espaço seguro para que as equipes também falem abertamente sobre o tema.

    Além do Paliativo: O Papel Estratégico das Empresas

    Especialistas alertam que a medicalização crescente do trabalho é apenas um “paliativo” que trata os sintomas, mas não as causas-raiz do problema. A pressão por produtividade sem a devida remuneração, o estresse crônico e o assédio moral são alguns dos fatores que levam ao adoecimento mental no ambiente de trabalho. Ignorar o tema não é apenas uma falha ética, mas um erro estratégico, pois a depressão e a ansiedade geram perdas de $1 trilhão de dólares na economia global por ano.

    Diante disso, o papel do RH e da liderança deve ser estratégico, indo além de benefícios superficiais e palestras pontuais. A solução reside em criar políticas que favoreçam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, capacitar gestores para lidar com a vulnerabilidade e, sobretudo, ouvir ativamente os colaboradores. A saúde mental precisa ser vista como um investimento essencial para o sucesso e a sustentabilidade do negócio.

     

    Siga nossas redes sociais Instagram, YoutubeTikTok e Facebook

    Leia também

    Janeiro Branco: Síndrome de Burnout e seus impactos na saúde mental

    Exercícios físicos e saúde mental: promover uma vida mais ativa é a melhor forma de prevenção

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Últimas Notícias