O Governo Federal deu um novo passo rumo à retomada das obras de pavimentação da BR-319, estrada que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO) e que possui parte de seu trajeto intransitável há mais de três décadas. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o ministro dos Transportes, Renan Filho, firmaram um acordo para viabilizar a repavimentação do chamado “Trecho do Meio”, de 400 km, considerado o ponto mais crítico da rodovia.
O anúncio foi feito nesta terça-feira (15) e integra um pacote de medidas batizado de “Plano BR-319”, que busca conciliar infraestrutura com proteção ambiental na região amazônica. O eixo central do plano é a realização de uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), que será conduzida por uma consultoria independente, contratada pela estatal Infra S.A. A previsão é de que o estudo seja concluído em até oito meses.
Trecho do Meio continua intransitável há mais de 30 anos
O trecho compreendido entre os km 250 e 655 está praticamente abandonado desde o final dos anos 1980. Embora diversas iniciativas tenham tentado viabilizar a obra desde então, todas esbarraram em questões ambientais e disputas judiciais.
A ministra Marina Silva destacou que não é contrária à pavimentação, mas defende que ela seja feita de forma responsável.
“Quando se faz uma estrada, são destruídos de 30 a 50 km de floresta em cada lado,” alertou Marina, citando a BR-163 como exemplo de impacto ambiental sem controle.
Corredor sustentável e medidas de conservação
O plano prevê a criação de unidades de conservação em ambos os lados da BR-319, ações de regularização fundiária e apoio às comunidades locais. A proposta é transformar o corredor viário em um eixo de desenvolvimento sustentável, com presença constante do Estado para garantir fiscalização, monitoramento e controle do desmatamento.
Construída entre 1968 e 1972, durante o regime militar, a BR-319 tem extensão total de 918 km. Em 2022, o Ibama chegou a conceder Licença Prévia para o início das obras, mas a autorização foi suspensa pela Justiça Federal, após ação movida pelo Observatório do Clima. O governo informou que pretende recorrer da decisão.
No ano passado, o Ministério dos Transportes criou um Grupo de Trabalho para discutir alternativas viáveis. O relatório final, divulgado em junho de 2024, concluiu que a repavimentação é tecnicamente possível, desde que associada a medidas socioambientais rigorosas.
Com o novo acordo, o governo busca destravar um dos projetos rodoviários mais controversos da região amazônica, tentando equilibrar os desafios da integração logística com os compromissos ambientais firmados nacional e internacionalmente.
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