O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira (11) estado de emergência de segurança pública em Washington D.C., colocando a polícia da capital sob controle federal. A medida foi anunciada como parte de um plano para combater o que ele classifica como altos índices de criminalidade e problemas com moradores de rua, embora os dados oficiais indiquem queda nos crimes.
Com o decreto, a procuradora-geral Pam Bondi passou a comandar a polícia da cidade. Agentes do FBI, da Agência Antidrogas (DEA) e da Patrulha de Fronteira já foram enviados às ruas, assim como cerca de 450 policiais federais. A Guarda Nacional também foi convocada e deve chegar ao longo da semana.
“Dia da libertação” e promessas de limpeza da capital
Chamando a ação de “dia da libertação” da capital, Trump afirmou que é hora de “ações drásticas” para expulsar moradores de rua e prender “jovens criminosos”. Segundo ele, Washington foi “tomada por gangues violentas, maníacos drogados e moradores de rua”. E nós não vamos deixar isso acontecer mais. Nós não vamos aceitar”, falou à imprensa. Em postagens na Truth Social, prometeu tornar a cidade “mais segura e mais bonita do que nunca”.
A decisão provocou protestos em frente à Casa Branca, com manifestantes carregando cartazes como “Libertem Washington, D.C.” e defendendo a autonomia local. Lideranças acusam o presidente de confundir pobreza com criminalidade e alertam para riscos à população em situação de rua.
Estatísticas contestam discurso presidencial
A prefeita democrata de Washington, Muriel Bowser, rebateu as alegações de Trump sobre violência desenfreada, dizendo que a cidade “não está passando por um pico de criminalidade” e destacando que os crimes violentos atingiram seu nível mais baixo em mais de três décadas no ano passado.
Dados da polícia de Washington mostram que, até agosto de 2025, houve redução de 7% nos crimes em geral e de 26% nos crimes violentos em relação a 2024. Os homicídios caíram 12% e o roubo de veículos, 37%.
Histórico e implicações legais
A última vez que um presidente assumiu o controle da segurança da capital foi em 6 de janeiro de 2021, após a invasão do Capitólio. Pela Lei de Autonomia de 1973, o presidente pode intervir em situações emergenciais, mas por prazo limitado. Se a ação durar mais de 48 horas, é necessária notificação formal ao Congresso, com limite máximo de 30 dias.
Analistas apontam que a medida pode ter motivações políticas, já que Trump enfrenta queda nas pesquisas, notícias econômicas negativas e críticas em outros casos polêmicos. Temas de “lei e ordem” fazem parte de sua estratégia desde campanhas anteriores e podem servir para reforçar apoio de sua base conservadora.
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