A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de alinhar o Brasil à China e à Rússia no contexto do fortalecimento do Brics pode resultar em pesadas sanções por parte dos Estados Unidos, especialmente sob um eventual novo governo de Donald Trump. É o que aponta uma análise que vê na atual política externa brasileira uma postura arriscada, sem ganhos concretos e que contraria a tradição diplomática de não alinhamento.
Segundo a avaliação, o objetivo da escalada de Trump contra o Brasil vai muito além de proteger o ex-presidente Jair Bolsonaro, que tem feito lobby nos EUA em busca de apoio político e proteção judicial. O verdadeiro alvo seria o Brics, bloco visto por Washington como um instrumento geopolítico da China e um escudo diplomático para a Rússia de Vladimir Putin em meio à guerra na Ucrânia.
Brics sob pressão e Brasil no fogo cruzado
O alerta sobre possíveis sanções contra países do Brics partiu do novo secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, que indicou que os EUA podem retaliar economicamente os países que mantêm laços comerciais com Moscou. A medida faz parte da estratégia de Trump para forçar a Rússia a aceitar uma trégua na guerra contra a Ucrânia.
Trump, segundo fontes diplomáticas, cogita tarifas de até 100% sobre produtos russos e a aplicação de sanções secundárias a países parceiros do Kremlin — o que inclui o Brasil, caso continue a operar dentro da lógica de apoio indireto à Rússia, como vem ocorrendo no Brics.
Brasil se torna alvo fácil dos EUA
A análise argumenta que o Brasil, por não ter poderio militar nem peso econômico suficiente, se torna um “alvo fácil” na ofensiva global americana. Além disso, as declarações de Lula em defesa do fim do uso do dólar como moeda internacional e a assinatura de comunicados finais da cúpula do Brics com críticas veladas à Ucrânia reforçam a percepção de que o Brasil estaria submisso aos interesses geopolíticos de China e Rússia.
O documento final da cúpula do Brics, por exemplo, destinou oito parágrafos aos conflitos no Oriente Médio, mas apenas dois à guerra na Ucrânia — um dos quais, segundo a análise, com tom favorável à Rússia ao criticar os ucranianos por ataques deliberados contra infraestrutura civil.
Alternativa: sair do Brics e retomar o não alinhamento
A única saída considerada viável para evitar o agravamento das sanções seria abandonar o Brics e retornar ao campo do não alinhamento, tradição diplomática brasileira que permitia relações com todos os blocos, independentemente de ideologia.
Segundo a análise, o Brics serve prioritariamente aos projetos de poder de Pequim e Moscou, sem oferecer vantagens reais ao Brasil. A permanência no bloco colocaria o país em rota de colisão com os EUA e seus aliados, sem que o Brasil tenha ferramentas para sustentar esse enfrentamento.
Além disso, o realinhamento com democracias ocidentais e uma política externa mais pragmática seriam cruciais para preservar a soberania econômica brasileira e reduzir os riscos de retaliações comerciais.
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Com informações: Estadão