O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca, nesta terça-feira (6), para uma viagem oficial à Rússia e à China, com o objetivo de diversificar as relações comerciais do Brasil e fortalecer os laços diplomáticos com as duas potências globais. A partida está marcada para as 22h, na Base Aérea de Brasília.
A convite do presidente chinês, Xi Jinping, Lula participará da Cúpula China-Celac, nos dias 12 e 13 de maio. Além disso, ele fará uma visita de Estado, durante a qual está prevista a assinatura de pelo menos 16 atos bilaterais. Outros 32 acordos ainda estão em negociação.
“A lista de acordos é prolífica e variada”, afirmou o embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores (MRE), em coletiva de imprensa nesta terça-feira.
Segundo Lyrio, a China é atualmente o maior parceiro comercial do Brasil, com superávit a favor do país sul-americano e elevado grau de institucionalização nas relações bilaterais.
Terceiro encontro com Xi Jinping e alinhamento estratégico
Esta será a terceira reunião de Estado entre Lula e Xi Jinping desde o início do atual mandato presidencial. O último encontro ocorreu em novembro de 2024, em Brasília.
“Depois da visita do presidente Xi, ficou clara a intenção de explorar novas vertentes de cooperação, como a sinergia entre o desenvolvimento brasileiro e a Iniciativa do Cinturão e Rota”, destacou Lyrio.
Além disso, há grande convergência entre Brasil e China em temas como multilateralismo, reforma da governança global e defesa de soluções pacíficas para conflitos internacionais.
A comitiva de Lula contará com ministros, parlamentares e técnicos, refletindo a densidade e a importância da relação bilateral.
“Há uma força-tarefa coordenada pelos ministérios da Casa Civil, Fazenda e Banco Central, com foco em infraestrutura, finanças, ciência, tecnologia e inovação”, explicou Lyrio.
Entre os objetivos estratégicos está o interesse em atrair investimentos chineses para a neoindustrialização brasileira, com foco em transição energética e capacitação tecnológica.
Relações equilibradas com China e Estados Unidos
A visita de Lula à China ocorre em meio ao agravamento da guerra comercial entre os EUA e a China, cenário iniciado ainda na gestão de Donald Trump.
No entanto, o embaixador Lyrio reiterou a posição brasileira de neutralidade.
“O Brasil valoriza sua relação com os EUA e não encara a parceria com a China como algo excludente”, afirmou.
A secretária de América Latina e Caribe do MRE, embaixadora Gisela Padovan, afirmou que a participação do Brasil na cúpula se deve ao peso regional do país e ao reconhecimento de sua capacidade de articulação.
“O Brasil tem papel de convocar e propor sinergias na América Latina e no Caribe, e Xi Jinping reconhece isso”, disse Padovan.
Composta por 33 países, a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) voltou a contar com o Brasil após o retorno do país ao bloco em 2023, durante o terceiro mandato de Lula.
Lula também visitará a Rússia para celebrações e acordos
Antes de chegar à China, o presidente fará uma parada na Rússia, entre os dias 8 e 10 de maio, atendendo a convite do presidente Vladimir Putin. Lula participará das celebrações pelos 80 anos da vitória soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, com desfile militar em Moscou.
Além disso, está prevista uma reunião bilateral com Putin, com assinatura de acordos nas áreas de ciência e tecnologia. A comitiva contará com os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação).
Relação comercial com a Rússia: foco no equilíbrio da balança
O embaixador Lyrio destacou que o Brasil mantém relações comerciais significativas com a Rússia, especialmente na importação de fertilizantes e diesel, enquanto exporta majoritariamente produtos do agronegócio. No entanto, existe um déficit comercial do lado brasileiro.
“Queremos reequilibrar nossa balança comercial e ampliar nossas exportações para a Rússia”, afirmou.
Sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, o Brasil mantém sua posição pautada pelo direito internacional, defendendo a integridade territorial dos países e a solução pacífica de controvérsias.
Segundo Lyrio, a diplomacia brasileira continua mantendo interlocução com todas as partes envolvidas no conflito, mantendo uma abordagem equilibrada e diplomática.
Encontro bilateral com primeiro-ministro da Eslováquia
Durante a estadia em Moscou, também está confirmada uma reunião bilateral entre Lula e o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, reforçando o caráter multilateral da missão diplomática brasileira nesta viagem.
A viagem de Lula à China e Rússia demonstra o compromisso do Brasil em buscar novos caminhos para o crescimento econômico, por meio do fortalecimento de laços comerciais e diplomáticos com potências globais, além de reafirmar seu papel como articulador regional na América Latina.
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