As novas tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio para os Estados Unidos entram em vigor nesta quarta-feira (12), afetando diretamente o Brasil e outros parceiros comerciais. A medida, alinhada à política protecionista americana, deve gerar impactos significativos para as indústrias brasileiras desses setores.
O governo brasileiro tentou minimizar a tensão, mas as novas taxas elevam a incerteza sobre futuras sanções, especialmente contra o etanol brasileiro, que foi citado pela Casa Branca como possível alvo de retaliação. O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que negociações estão em curso para um acordo benéfico para ambos os países, mas até o momento não houve sinalização de adiamento das tarifas.
Por que os EUA estão aumentando as tarifas sobre o aço e alumínio?
Como já havia acontecido na primeira gestão de Donald Trump (2017-2020), o doutrina “America First” incorporou as muitas queixas do setor produtivo americano sobre como políticas comerciais subsidiadas em vários países prejudicaram a manufatura e, por consequência, os empregos nos EUA.
Desta vez, há uma busca por reciprocidade tarifária, uma vez que há mais barreiras para produtos americanos no exterior do que as existentes na entrada de produtos importados para lá.
Também faz parte dessa estratégia uma tentativa de reduzir o poder exercido pela China no comércio global. Em termos de geopolítica, Trump também quer enfraquecer os BRICs, especialmente por conta da proposta de uma moeda que substituiria do dólar nas relações comerciais entre os integrantes do bloco.
Quais os impactos das tarifas dos EUA para o Brasil?
A Abal destacou em nota oficial que, além dos impactos na balança comercial, preocupam os efeitos indiretos associados ao aumento da exposição do Brasil aos desvios de comércio e à concorrência desleal. “Produtos de outras origens que perderem acesso ao mercado americano buscarão novos destinos, incluindo o Brasil, podendo gerar uma saturação do mercado interno de produtos a preços desleais”, disse a associação.
A imposição das novas tarifas também pode resultar em uma tendência de elevação dos preços regionais, especialmente nos locais que dependem de importações, o que pode provocar um realinhamento nas cadeias globais de suprimento e modificar fluxos comerciais tradicionais.
Já o Instituo Aço Brasil destacou que o mercado brasileiro também “vem sendo assolado pelo aumento expressivo de importações de países que praticam concorrência predatória, especialmente a China, razão pela entidade solicitou ao governo brasileiro a implementação de medida de defesa comercial”, ampliando a barreira atual de regime de cota-tarifa.
E para os EUA?
O esperado impacto positivo para os produtores de aço e alumínio dos EUA provavelmente será contrabalançado por preços mais altos tanto para as indústrias de vários setores — como automotiva, processamento de alimentos, construção e até defesa — como para os consumidores americanos. Além disso, com a diminuição da concorrência, os produtores domésticos podem encontrar menos motivação para manter os preços baixos.
Para o Deutsche Bank, essas tarifas, somadas às tarifas recíprocas, podem aumentar o índice de preços de gastos de consumo pessoal – o PCE, uma medida importante da inflação – em mais 0,4 ponto percentual.
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