Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, foi assassinado na noite desta segunda-feira (15/09) em uma emboscada no município de Praia Grande (SP), no litoral paulista, onde ocupava o cargo de secretário municipal de Administração.
Um vídeo da ação mostra o carro em que estava Fontes em alta velocidade, virando em uma avenida até colidir com um ônibus. O veículo capotou, e logo em seguida outro carro chegou com homens fortemente armados, que dispararam contra o automóvel. Após os tiros, os criminosos fugiram. Duas pessoas próximas ao local também ficaram feridas.
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O governo estadual determinou a criação de uma força-tarefa para prender os envolvidos, segundo informou o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite. Ele destacou que a operação foi uma prioridade definida pelo governador Tarcísio de Freitas.
Reação das autoridades
“Vamos identificar e qualificar todos os covardes que participaram desse assassinato”, disse Derrite. Em nota, o governador Tarcísio de Freitas afirmou que Fontes foi “covardemente assassinado” e prometeu rigor da Justiça.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP) também lamentou o crime e informou que policiais militares preservaram a cena para a perícia, além de localizar o veículo usado pelos criminosos. Equipes da Polícia Civil trabalham em diligências e com ferramentas de inteligência para identificar e prender os suspeitos.
O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) manifestou pesar pela “perda irreparável” e destacou a importância de Fontes no combate ao crime organizado. A entidade, no entanto, criticou o governo estadual, apontando a falta de valorização da Polícia Civil e necessidade de mais investimentos.
Quem era Ruy Ferraz Fontes
Com 63 anos, Ruy Ferraz Fontes era delegado desde 1988, pós-graduado em Direito e considerado um dos principais especialistas do país no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Atuou por 15 anos em investigações contra roubos a bancos e foi peça-chave em operações contra a facção.
Em 2006, esteve no Deic durante a série de ataques do PCC que deixou mais de 500 mortos em São Paulo. Sua equipe indiciou líderes da facção, que foram transferidos para presídios de segurança máxima. No ano seguinte, Fontes recebeu a Medalha Tiradentes da Câmara Municipal de São Paulo.
A atuação o transformou em alvo do PCC. Em 2019, uma investigação do Ministério Público revelou um plano da facção para executar o delegado, em resposta à transferência de Marcola e outros líderes para presídios federais.
Fontes foi delegado-geral da Polícia Civil entre 2019 e 2022, no governo João Doria, e esteve à frente das investigações do massacre em Suzano (SP), em 2019. Também foi professor da Academia de Polícia Civil por mais de dez anos e participou de cursos internacionais de segurança.
Após se aposentar da polícia, em 2023, assumiu a secretaria de Administração de Praia Grande.
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