quinta-feira, agosto 7, 2025
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    Tarifa de 50% dos EUA sobre exportações brasileiras começa a valer nesta quarta (6)

    Medida atinge café, frutas e carnes e é vista como retaliação política após julgamento de Bolsonaro. Governo Lula promete plano de contingência.

    Entraram em vigor nesta quarta-feira (6) as novas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a parte das exportações brasileiras. A medida, assinada na semana passada pelo presidente norte-americano Donald Trump, atinge 35,9% das mercadorias enviadas ao mercado estadunidense, o que representa 4% das exportações totais do Brasil.

    Com isso, produtos como café, frutas e carnes passam a pagar uma sobretaxa, enquanto cerca de 700 itens ficaram fora da nova alíquota, como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes, aeronaves civis (incluindo peças e motores), celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos.

    Tarifaço faz parte da nova política comercial dos EUA

    O tarifaço é parte da nova estratégia econômica da Casa Branca sob Trump, voltada a elevar tarifas contra parceiros comerciais para reverter a perda de competitividade dos Estados Unidos frente à China. A chamada “guerra comercial” foi iniciada por Trump em abril, com a imposição de tarifas com base no déficit comercial com outros países.

    Como os EUA têm superávit comercial com o Brasil, a primeira alíquota imposta em abril foi de 10%. No entanto, no início de julho, Trump elevou a tarifa para 50% como retaliação a decisões que, segundo ele, prejudicariam empresas de tecnologia dos EUA, e também em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

    Especialistas apontam motivação política contra o Brics

    Analistas ouvidos pela Agência Brasil apontam que a medida tem caráter político e busca pressionar o Brasil e o bloco Brics — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, que tem promovido propostas para substituir o dólar em transações comerciais internacionais. Para os especialistas, a chantagem econômica visa preservar a hegemonia dos EUA no cenário global.

    Em pronunciamento no domingo (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil “não é uma republiqueta” e que o país continuará adotando moedas alternativas ao dólar. Ele destacou que não pretende romper com os EUA, mas que exigirá respeito à soberania brasileira.

    Para minimizar os efeitos da medida, o governo federal anunciou que um plano de contingência será implementado nos próximos dias, com linhas de crédito e contratos públicos para compensar empresas afetadas pelas tarifas.

    Após a confirmação das tarifas, a Secretaria do Tesouro dos EUA procurou o Ministério da Fazenda brasileiro para iniciar negociações. Trump também sinalizou estar disposto a conversar pessoalmente com Lula.

    Haddad aponta caminhos para negociação

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sugeriu nesta semana que minerais críticos e terras raras — essenciais para a indústria de tecnologia e foco de disputa entre EUA e China — poderão ser usados como moeda de negociação para reduzir as tensões comerciais entre os países.

    “Temos minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais. Podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes”, afirmou o ministro em entrevista.

    Haddad também afirmou que há otimismo no setor cafeeiro, que acredita em retirada do produto da lista de tarifados. Curiosamente, no mesmo dia em que Trump assinou a medida, a China habilitou 183 empresas brasileiras para exportar café para o país asiático — o que pode indicar uma reconfiguração no destino das exportações brasileiras.

    Com o novo tarifaço dos EUA sobre produtos brasileiros, cresce a tensão diplomática e econômica entre Brasília e Washington, ao mesmo tempo em que o governo busca alternativas comerciais e diplomáticas para enfrentar os desafios impostos pelo novo cenário internacional.

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    Com informações: Agência Brasil

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