O termo “TACO” foi um dos mais usados por brasileiros nas redes sociais nesta semana. A sigla, que resume a expressão Trump Always Chickens Out (“Trump sempre amarela”, em tradução livre), ganhou força por meio de memes após os Estados Unidos imporem novas sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e a aproximação do início do tarifaço contra produtos brasileiros.
A enxurrada de piadas e montagens transformou “TACO” em um dos sete termos mais usados no X (antigo Twitter) no Brasil na última semana. Usuários brasileiros adaptaram o apelido para ironizar a postura agressiva do presidente americano, sugerindo que, mais uma vez, ele poderia acabar voltando atrás.
Sanções a Moraes e origem do termo TACO
Outro fator que contribuiu para a expressão ganhar novo fôlego foi a aplicação de sanções individuais do governo dos EUA contra Moraes, com base na Lei Magnitsky — uma das legislações mais duras de Washington para punir autoridades estrangeiras acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos. A medida foi publicada no site oficial do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros.
As sanções preveem proibição de entrada nos EUA, congelamento de bens e bloqueio de transações financeiras com qualquer empresa ou cidadão americano. Moraes já estava impedido de entrar em território americano. Em julho, o secretário de Estado Marco Rubio havia anunciado a revogação do visto do ministro, de seus familiares e aliados.
Em nota, o presidente Lula classificou as sanções como “interferência externa inaceitável” no Judiciário brasileiro. O STF também se manifestou, afirmando que todas as decisões de Moraes na ação contra Jair Bolsonaro foram colegiadas.
TACO surgiu em Wall Street como ironia a recuos estratégicos
O termo TACO foi criado em maio de 2025 por Robert Armstrong, colunista do jornal britânico Financial Times, e rapidamente se espalhou por Wall Street, ganhando força como piada entre investidores. A expressão faz referência a um padrão observado no governo Trump: medidas agressivas seguidas de recuos, especialmente na política comercial.
A “teoria do Taco” foi publicada na coluna Unhedged, onde Armstrong explicou que o governo dos EUA demonstrava baixa tolerância a impactos econômicos, recuando sempre que o mercado reagia mal.
A piada virou estratégia: investidores passaram a comprar ações em queda prevendo o “TACO trade”, ou seja, um recuo futuro de Trump que valorizaria os papéis. Antes disso, o comportamento do presidente era descrito com termos como “flip-flop” ou “Trump put” — referência a mecanismos de proteção contra perdas.
Recuos de Trump e novo tarifaço contra o Brasil
O termo TACO já havia sido lembrado em decisões como o recuo sobre as “Liberation Day Tariffs”, canceladas uma semana após o anúncio, e tentativas frustradas de demitir o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.
Segundo a jornalista Shannon Pettypiece, da NBC News, Trump ameaçou dezenas de tarifas durante seu governo, mas só uma parte delas foi efetivamente aplicada. A mais recente foi a ordem executiva assinada na quarta-feira (30), impondo uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
A ordem cita violações de direitos humanos por parte do governo Lula e acusações de perseguição política a Jair Bolsonaro e seus apoiadores. A lista de exceções, no entanto, é extensa: quase 700 produtos ficaram isentos, incluindo suco de laranja, aeronaves e petróleo.
As tarifas entram em vigor no dia 6 de agosto, após terem sido adiadas por cinco dias. A nota da Casa Branca também acusa o governo brasileiro de tentar coagir plataformas americanas a censurar usuários e entregar dados, o que agravou o tom da medida.
Com isso, a ironia da sigla TACO ganhou novo significado para os brasileiros, que acompanham com desconfiança o impacto das medidas na economia nacional e aguardam para ver se o presidente norte americano mais uma vez “amarela”.
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