terça-feira, julho 29, 2025
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    Fome em Gaza: Imagens mostram desespero por comida após Israel reduzir bloqueio à ajuda humanitária

    População corre atrás de pacotes lançados do céu e cerca caminhões de mantimentos; organizações dizem que ações ainda são insuficientes diante da crise

    Imagens fortes neste domingo (27/7) mostram a população de Gaza se amontoando para tentar alcançar pacotes de comida que entraram no território após Israel reduzir restrições à entrada de ajuda humanitária. Caixas com alimentos foram lançadas de aviões e também chegaram via terrestre, com a entrada de caminhões na Faixa de Gaza.

    Ajuda humanitária lançada por via aérea pelo Exército Real da Jordânia chega ao norte da Faixa de Gaza
    Ajuda humanitária lançada por via aérea pelo Exército Real da Jordânia chega ao norte da Faixa de Gaza

    Israel anunciou uma pausa diária de 10 horas em suas operações militares, citando fins humanitários, após os crescentes alertas de agências internacionais sobre o risco de fome generalizada entre os civis palestinos.

    As forças militares israelenses disseram rejeitar “a falsa alegação [de que estejam provocando] a fome intencionalmente” e determinaram uma série de ações para facilitar a entrada de ajuda, mas organizações humanitárias e especialistas afirmam que os esforços seguem aquém do necessário.

    “Claro que sinto um pouco de esperança novamente, mas também estou preocupada que a fome continue quando a pausa acabar”, disse Rasha Al-Sheikh Khalil, mãe de quatro filhos, de 39 anos, na Cidade de Gaza. “Um comboio de ajuda ou alguns pacotes lançados do ar não serão suficientes. Precisamos de uma solução real, um fim para esse pesadelo, um fim para a guerra”, completou.

    Operações aéreas não suprem demanda humanitária

    Aviões da Jordânia e dos Emirados Árabes Unidos lançaram 25 toneladas de alimentos e suprimentos essenciais sobre Gaza, em uma operação conjunta que envolveu dois aviões C-130 jordanianos e uma aeronave emiradense. Os lançamentos ocorreram em vários pontos do território sitiado. Segundo a TV estatal jordaniana, este foi o 127º lançamento aéreo do país desde o início da guerra, e o número sobe para 267 quando somadas as missões em parceria com outras nações.

    Mais tarde, os primeiros caminhões com ajuda entraram no território. As imagens mostram cenas caóticas, com os veículos cercados por multidões de palestinos em busca de alimentos.

    Palestinos deslocados internamente tentam pegar sacos de farinha de um caminhão
    Palestinos deslocados internamente tentam pegar sacos de farinha de um caminhão de ajuda próximo a um ponto de distribuição de alimentos em Zikim, no norte da Faixa de Gaza, em 27 de julho de 2025

    Apesar da ajuda, especialistas alertam que os lançamentos aéreos têm alcance limitado. Cada avião C-130 transporta cerca de 12.500 refeições por viagem — o que significaria aproximadamente 160 missões para alimentar os 2 milhões de habitantes de Gaza com apenas uma refeição.

    “Sozinhos, os lançamentos não são suficientes”, resume o correspondente internacional da BBC Joe Inwood, destacando que a abertura de corredores humanitários terrestres teria um impacto muito mais efetivo.

    Fome em Gaza faz preços despencarem e aumenta pressão internacional

    No interior de Gaza, mercados locais registraram uma corrida de comerciantes tentando vender alimentos estocados. O preço da farinha caiu drasticamente: de US$ 85 o quilo há quatro dias, para US$ 15 neste sábado. Ainda assim, os preços seguem altos e a oferta limitada.

    A comunidade internacional continua pressionando Israel por medidas mais amplas e eficazes para garantir o acesso da população civil à comida e itens básicos. Para muitas organizações, as ações anunciadas até agora representam avanços pontuais, mas insuficientes diante da escala da crise humanitária.

    Netanyahu defende ajuda “mínima” e critica ONU

    O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez nesta semana seus primeiros comentários públicos desde que o Exército anunciou uma série de medidas para diminuir as restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza.

    Em uma declaração em vídeo, ele afirmou que, enquanto Israel continua seus combates em Gaza e negociações com o Hamas, o país precisa permitir a entrada de suprimentos “mínimos”.

    Netanyahu disse que Israel sempre permitiu a entrada de ajuda em Gaza, mas acusou a ONU de responsabilizar seu governo pela crise enfrentada pelos palestinos. “Existem rotas seguras. Sempre existiram, mas hoje é oficial. Não haverá mais desculpas”, declarou o premiê.

    Mortes por desnutrição aumentam na Faixa de Gaza

    O Ministério da Saúde de Gaza, comandado pelo Hamas, divulgou um comunicado informando que mais duas pessoas morreram por desnutrição nas últimas 24 horas — elevando para 113 o total de mortes atribuídas à fome.

    No início da semana, o secretário-geral da ONU afirmou que os 2,1 milhões de habitantes de Gaza enfrentam grave escassez de suprimentos básicos, com desnutrição “disparando” e “fome batendo à porta de todos”.

    A ONU também declarou que pelo menos 1.054 palestinos foram mortos por militares israelenses enquanto buscavam alimentos desde o dia 27 de maio, início do novo modelo de ajuda da Fundação Humanitária da Gaza (GHF), apoiado por Israel e pelos EUA. Desse total, 766 pessoas foram mortas nas proximidades dos pontos da GHF e outras 288 perto de comboios de ajuda humanitária.

    A fundação usa empresas privadas de segurança para distribuir alimentos a partir de zonas militares israelenses. Israel e EUA afirmam que isso evita que o Hamas se aproprie dos mantimentos, mas a ONU classifica o modelo como antiético e diz que não há evidências de desvios sistemáticos.

    Relatos locais revelam desespero e insegurança

    Aseel Horabi, médica em Gaza, relatou que as pessoas vivem uma “fome extrema”. “Não importa quanto tempo eu passe tentando explicar, não vou conseguir descrever o sofrimento dessas pessoas”, disse. “Estamos passando fome.”

    Ela contou que seu marido foi baleado ao tentar buscar comida. “Se for para morrermos de fome, que assim seja. O caminho até a ajuda é o caminho para a morte. É uma estrada traiçoeira”, completou.

    O jornalista local Imad Kudaya alertou que a maioria dos pacotes lançados por aviões caiu em zonas sob controle militar israelense. “Esses locais estão evacuados e sob controle israelense — então é arriscado ir até lá”, disse.

    Apesar dos riscos, uma notícia positiva veio do Crescente Vermelho Egípcio, que informou que mais caminhões com ajuda devem ser autorizados a entrar nos próximos dias.

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    Com informações: BBC

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