terça-feira, julho 22, 2025
More
    InícioBrasilFraude no Farmácia Popular: PF identifica desvio de R$ 40 mi com...

    Fraude no Farmácia Popular: PF identifica desvio de R$ 40 mi com farmácias falsas

    Organização criminosa operava em vários estados, usava CPFs de inocentes e financiava a compra de cocaína na Bolívia e no Peru

    Uma investigação da Polícia Federal revelou um complexo esquema criminoso que desviou cerca de R$ 40 milhões do programa Farmácia Popular, utilizando farmácias de fachada em diversos estados brasileiros para lavar dinheiro do tráfico de drogas e financiar a compra de cocaína no exterior.

    Segundo a PF, o grupo utilizava CPFs e endereços de pessoas inocentes, além de comprar e vender CNPJs em nome de laranjas. As investigações começaram após a apreensão de 191 kg de drogas em Luziânia (GO) e se estenderam por estados como Goiás, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.

    Na cidade de Águas Lindas (GO), moradores da comunidade Portal da Barragem se surpreenderam ao saber que duas farmácias inexistentes em seus endereços haviam recebido, juntas, quase R$ 500 mil do programa. “É uma tremenda sacanagem”, desabafou uma moradora.

    De Rondônia à fronteira internacional

    O esquema começou a ser revelado quando a PF prendeu um caminhoneiro com grande quantidade de drogas, que seriam entregues em Ribeirão Preto (SP) e Luziânia (GO). Parte da carga era destinada a Clayton Soares da Silva, dono de farmácias em RS e PE, que também estavam cadastradas no Farmácia Popular.

    No celular de Clayton, foram encontradas provas que ligaram o grupo a Fernando Batista da Silva, conhecido como Fernando Piolho, apontado como líder da organização. Segundo a PF, ele usava o nome da própria filha para abrir empresas, incluindo a Construarte, que recebeu mais de R$ 500 mil de pessoas investigadas por tráfico.

    Fernando teria ligação com o Comando Vermelho, e o dinheiro desviado era enviado a pessoas em cidades próximas à fronteira com Bolívia e Peru. Uma das beneficiárias seria esposa de integrante do Clã Cisneros, organização criminosa peruana envolvida na produção de cocaína.

    “O grupo utilizou o programa Farmácia Popular para lavar recursos e investir no próprio tráfico de drogas”, afirmou José Roberto Peres, superintendente da PF do Distrito Federal.

    Lotes vazios, CPFs roubados e farmácias inexistentes

    A investigação detectou farmácias registradas em terrenos baldios, com telefones de outros estados. Um dos números estava no nome de Célia Aparecida de Carvalho, apontada como fornecedora de CNPJs usados na fraude.

    A gravidade do caso aumentou quando pacientes reais descobriram o uso indevido de seus documentos. O dentista Gustavo, de Sumaré (SP), encontrou em seu perfil no Conecte SUS registros de até 20 caixas mensais de insulina retiradas em seu nome, embora não seja diabético.

    Em Campo Belo (MG), a drogaria PHS Limitada registrava compras no nome de Francisca Ferreira de Souza, uma empregada doméstica moradora de Luziânia. No papel, ela era dona de cinco farmácias e movimentou quase R$ 500 mil.

    Francisca é casada com Brazilino Inácio dos Santos, sócio de dez empresas que, entre 2018 e 2019, movimentaram R$ 2,5 milhões. A PF investiga se parte do dinheiro foi transferida para Fernando Piolho.

    Outra figura-chave é Adriano Rezende Rodrigues, o Adriano Tatu, sócio de drogarias que receberam quase R$ 1 milhão do programa. A rede criminosa envolvia 148 farmácias (reais ou de fachada) e usou cerca de 160 mil CPFs falsamente.

    Sistema sob ataque

    O programa Farmácia Popular, criado para oferecer medicamentos gratuitos ou com até 90% de desconto à população, exige a apresentação de CPF, receita e documento com foto. O diretor do Departamento Nacional de Auditoria do SUS, Rafael Bruxellas Parra, afirmou que o sistema enfrenta cerca de 140 mil tentativas diárias de fraude.

    A Polícia Federal continua investigando os envolvidos e deve apresentar novas denúncias nos próximos dias. O caso levanta sérias questões sobre os mecanismos de controle do programa e a necessidade de reforçar a segurança nos sistemas de validação.

    Siga nossas redes sociais Instagram, YoutubeTikTok e Facebook

    Com informações: G1

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Últimas Notícias