segunda-feira, junho 30, 2025
More
    InícioBrasilLula é “incoerente no exterior” e “impopular em casa”, diz revista britânica

    Lula é “incoerente no exterior” e “impopular em casa”, diz revista britânica

    Revista britânica destaca isolamento diplomático do Brasil, desgaste interno de Lula e aproximação do país com regimes autoritários, como China, Rússia e Irã

    A revista britânica The Economist classificou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “incoerente no exterior” e “impopular em casa”, em reportagem publicada no último fim de semana. No início do texto, a publicação lembra que, em 22 de junho, o Itamaraty condenou os ataques de Israel e dos Estados Unidos ao território iraniano, declarando que a ofensiva violou a soberania do Irã e o direito internacional.

    Segundo a The Economist, essa posição do Brasil sobre o conflito entre Israel e Irã destoou da postura de outras democracias ocidentais, que apoiaram a ação dos Estados Unidos ou, ao menos, expressaram preocupação. Para a revista, “a simpatia do Brasil com o Irã” deve prosseguir, especialmente pela participação conjunta de ambos os países no Brics, cuja cúpula acontecerá em 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro. O Irã ingressou oficialmente no bloco em 2024, junto a outros novos membros.

    Hostilidade ao Ocidente

    A revista sustenta que a presença do Brasil em um Brics expandido, sob a influência crescente de China e Rússia, faz o país “parecer cada vez mais hostil ao Ocidente”. “O papel do Brasil no centro de um Brics expandido e dominado por um regime mais autoritário faz parte da política externa cada vez mais incoerente de Lula”, afirma a publicação britânica.

    O texto ressalta ainda o distanciamento entre o governo brasileiro e os Estados Unidos sob Donald Trump. “Não há registro de que os dois homens tenham se encontrado pessoalmente, o que torna o Brasil a maior economia cujo líder não apertou a mão do presidente dos Estados Unidos”, destaca a The Economist. Em contrapartida, Lula buscou proximidade com a China, encontrando-se duas vezes no último ano com Xi Jinping, presidente chinês.

    A reportagem também menciona a viagem de Lula à Rússia em maio, para as celebrações dos 80 anos da vitória soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. “Ele aproveitou a viagem para tentar convencer Vladimir Putin de que o Brasil deveria mediar o fim da guerra na Ucrânia. Nem Putin nem ninguém lhe deu ouvidos”, ironiza a publicação.

    O afastamento do Brasil da Argentina, após a vitória de Javier Milei em 2023, e as demonstrações de apoio do governo Lula à Venezuela também são apontados pela revista como sinais da suposta incoerência da política externa brasileira.

    Críticas à popularidade interna

    Além das críticas no campo internacional, a The Economist afirma que a fragilidade de Lula no cenário mundial “é agravada pela queda da popularidade em casa”. Uma pesquisa Genial/Quaest indicou que a desaprovação ao governo atingiu 57% no início de junho, o maior índice do atual mandato.

    O periódico britânico também chamou atenção para a derrubada, pelo Congresso Nacional, do decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), movimento inédito em 30 anos e que, segundo a revista, evidencia a fragilidade do presidente frente ao Legislativo.

    “O país se inclinou para a direita. Muitos brasileiros associam seu Partido dos Trabalhadores à corrupção, devido a um escândalo que o levou à prisão por mais de um ano (sua condenação foi posteriormente anulada)”, escreveu a revista. “Ele construiu o partido com o apoio de sindicatos, católicos com consciência social e pobres beneficiários de esmolas do governo. Mas hoje o Brasil é um país onde o cristianismo evangélico está em expansão, onde o emprego na agricultura e na economia informal cresce rapidamente, e onde a direita também oferece esmolas.”

    Segundo a The Economist, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “provavelmente será preso em breve por supostamente planejar um golpe para permanecer no poder após perder as eleições de 2022”, mas ainda mantém significativa força entre a população. “Ele [Bolsonaro] ainda não escolheu um sucessor para liderar a direita. Mas se o fizer e a direita se unir a essa pessoa antes das eleições de 2026, a presidência será deles”, conclui a revista.

    Lula deveria parar de “fingir importância”, diz revista

    A matéria termina destacando que o ex-presidente americano Donald Trump raramente menciona o Brasil em suas críticas frequentes ao cenário global. A The Economist sugere que, além do déficit comercial com os Estados Unidos — algo que nenhuma outra grande economia emergente possui atualmente —, o silêncio de Trump se deve ao fato de o Brasil, “relativamente distante e geopoliticamente inerte, simplesmente não ter tanta importância quando se trata de questões de guerra na Ucrânia ou no Oriente Médio”.

    “Lula deveria parar de fingir que tem [importância] e se concentrar em questões mais próximas”, conclui o texto britânico.

    Leia também:

    Pesquisadores do MIT alertam para os impactos da inteligência artificial na aprendizagem

    Novo medicamento SANA promete emagrecimento sem afetar apetite e pode revolucionar o tratamento da obesidade

    Siga nossas redes sociais Instagram  e Facebook

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Por favor digite seu comentário!
    Por favor, digite seu nome aqui

    Últimas Notícias