O editor-chefe da revista americana The Atlantic, Jeffrey Goldberg, foi acidentalmente adicionado a um grupo de mensagens do governo Trump, onde altos funcionários discutiam planos de guerra ultrassecretos contra os rebeldes Houthis no Iêmen.
Inicialmente, Goldberg duvidou da autenticidade das mensagens, que incluíam interações com o secretário de Estado, Marco Rubio, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, e o vice-presidente, JD Vance. No entanto, ele confirmou a veracidade das informações quando ataques dos Estados Unidos ao Iêmen começaram, exatamente como descrito no grupo.
“Eu tinha várias dúvidas sobre se esse grupo era real”, afirmou, em reportagem publicada nesta segunda-feira (24), na “Atlantic”
Como a falha aconteceu
A história teve início em 11 de março, quando Goldberg recebeu uma solicitação no aplicativo de mensagens Signal de um usuário identificado como Michael Waltz. Apesar da criptografia de ponta a ponta do Signal, o jornalista achou improvável que o governo dos EUA utilizasse a plataforma para compartilhar dados altamente sigilosos.
Outra razão para sua desconfiança foi o histórico conturbado entre o governo Trump e a imprensa tradicional. No entanto, no dia 14 de março, os membros do grupo passaram a discutir detalhes sobre um ataque aéreo iminente ao Iêmen, o que levantou ainda mais suspeitas.
“Eu não conseguia acreditar que a liderança da segurança nacional dos Estados Unidos iria comunicar no Signal sobre planos de guerra iminentes. Eu também não conseguia acreditar que o conselheiro de segurança nacional do presidente seria tão imprudente a ponto de incluir o editor-chefe do ‘The Atlantic’ em tais discussões com altos funcionários dos EUA, até e incluindo o vice-presidente“, escreveu Goldberg.
A partir do dia 14 de março, conta Goldberg, JD Vance e Pete Hegseth passam a discutir assuntos sensíveis, em partivular sobre um bombardeio ao território do Iêmen — de onde os Houthis têm lançado ataques para bloquear rotas marítimas no Mar Vermelho, causando prejuízos ao porto israelense de Eilat. Goldberg optou por não reproduzir esses detalhes em sua reportagem, alegando que poderiam comprometer a segurança de militares americanos no Oriente Médio.
Em dado momento, JD Vance afirma: “Eu apenas odeio salvar a Europa de novo”. A visão do governo Trump é que o continente europeu se beneficia das campanhas militares dos EUA no estrangeiro e não oferece contrapartidas suficientes a Washington.
“Eu compartilho totalmente do seu desprezo pelos aproveitadores europeus. É PATÉTICO”, concorda Hegseth, em resposta
Repercussão e resposta oficial
A confirmação de que o grupo era autêntico veio após Goldberg questionar um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional. Brian Hughes declarou que a troca de mensagens “parece ser verdadeira” e que a Casa Branca está revisando seus protocolos para entender como o jornalista foi incluído.
O governo dos EUA esclareceu que o Signal não é uma plataforma autorizada para comunicação oficial e que existem sistemas próprios para o compartilhamento de informações sigilosas. Além disso, a revista The Atlantic apontou que os envolvidos podem ter violado a Lei de Espionagem de 1917, que pune a divulgação de informações que coloquem em risco a segurança nacional.
A falha foi classificada pelo The New York Times como “extraordinária” e expôs possíveis brechas na comunicação interna do governo Trump em assuntos estratégicos de defesa.
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