Líderes europeus de 18 países se reuniram neste domingo, em Londres, para discutir o apoio à Ucrânia. O encontro contou com a presença do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e de líderes da França, Alemanha, Dinamarca, Espanha, Finlândia, Itália, Holanda, Noruega, Polônia, República Tcheca, Romênia, Suécia e Turquia, além do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.
A medida ocorre em meio à ameaça dos Estados Unidos de interromper o apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia, iniciada em 2022, após a invasão russa ao território ucraniano sob comando de Vladimir Putin. O presidente Donald Trump pressiona por um acordo de paz com a Rússia, apesar da desconfiança da Ucrânia e da Europa, que temem um novo ataque de Putin mesmo após um cessar-fogo.
Além disso, a decisão surge após Trump exigir que os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), aliança militar composta por 32 nações, aumentem seus gastos com defesa. O presidente norte-americano sugeriu que os EUA podem deixar de ser o principal garantidor da segurança europeia, o que ameaça um pacto estabelecido desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
“Precisamos urgentemente rearmar a Europa“, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Ela enfatizou a necessidade de os países da União Europeia aumentarem seus gastos com defesa e demonstrou a importância da Europa mostrar aos Estados Unidos que está preparada para defender a democracia.
“Todos entendemos que, após um longo período de subinvestimento, agora é de extrema importância aumentar o investimento em defesa por um período prolongado. Faremos isso pela segurança da União Europeia. (…) Os Estados-membros precisam de mais espaço fiscal para intensificar os gastos com defesa. (…) Temos que nos preparar para o pior e, portanto, aumentar os gastos“, disse Ursula à imprensa após a reunião em Londres.
A reunião, liderada por Starmer, ocorreu poucos dias após um embate verbal entre Trump e Zelensky na Casa Branca, na sexta-feira. O episódio agravou ainda mais a relação entre os EUA e a Ucrânia, já fragilizada desde o retorno de Trump à presidência em janeiro. Durante o governo Biden, os EUA foram um dos principais doadores de ajuda financeira e militar à Ucrânia contra a invasão russa.
‘Coalizão dos Dispostos’
Após o encontro, Starmer anunciou a criação de uma “coalizão dos dispostos” para desenvolver estratégias de segurança para a Europa e a Ucrânia, sem especificar quais países integrarão o grupo. O premiê britânico reiterou que qualquer acordo de paz duradouro deve garantir a soberania e a segurança da Ucrânia e demonstrou confiança em articular essa questão com Trump.
Starmer também declarou que, em caso de um cessar-fogo no conflito entre Ucrânia e Rússia, o Reino Unido está pronto para contribuir com o envio de tropas e apoio aéreo para reforçar a defesa ucraniana e assegurar a paz no território.
Mais cedo neste domingo, em entrevista à rede britânica BBC, Starmer revelou que o Reino Unido, a França e a Ucrânia estão trabalhando juntos na elaboração de um plano de cessar-fogo, que será apresentado aos EUA assim que estiver concluído.
Durante a reunião, o premiê britânico enfatizou que este é um “momento único de uma geração” para fortalecer o apoio à Ucrânia e, consequentemente, garantir a segurança europeia.
“Embora a Rússia fale sobre paz, sua agressão continua implacável. (…) Precisamos definir quais passos concretos sairão desta reunião para alcançar a paz por meio da força, em benefício de todos”, afirmou Starmer.
Ele também destacou a importância de “fortalecer a Ucrânia para garantir uma paz duradoura” e reforçou que não se pode repetir os erros do passado, como os acordos de Minsk, que foram facilmente violados pela Rússia. Os acordos de Minsk, firmados entre Ucrânia e Rússia em 2014 e 2015, tinham como objetivo estabelecer um cessar-fogo, mas foram desrespeitados.
Após a reunião, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, confirmou que líderes dos os países europeus concordaram em aumentar os gastos com defesa e estão “intensificando seus esforços” para oferecer garantias de segurança.
Líderes europeus planejam desenvolver um acordo de cessar-fogo
O Reino Unido, a França e a Ucrânia concordaram em desenvolver um plano de cessar-fogo para apresentar aos Estados Unidos, segundo Starmer.
“Concordamos que o Reino Unido, juntamente com a França e possivelmente mais um ou dois países, trabalhará com a Ucrânia em um plano para interromper os combates. Em seguida, discutiremos esse plano com os Estados Unidos. (…) É fundamental mantermos o foco em uma paz duradoura na Ucrânia”, disse ele à BBC.
Starmer classificou essa iniciativa como “um passo na direção certa” após o embate entre Trump e Zelensky na Casa Branca. “Em vez de cada país europeu agir isoladamente, o que tornaria o processo mais lento, provavelmente precisamos formar agora uma coalizão dos dispostos”, acrescentou.
O encontro dos Líderes europeus em Londres é visto como um marco importante para avançar nas discussões sobre o fim do conflito, além de reforçar o apoio militar à Ucrânia e garantir a segurança europeia.
Starmer destacou ainda que pretende atuar como mediador para restaurar as negociações de paz e criar uma nova oportunidade de diálogo entre Trump, Zelensky e o presidente francês, Emmanuel Macron, evitando o acirramento da retórica. Após o embate de sexta-feira, Starmer e Macron voltaram a conversar com Trump.
Por fim, o premiê britânico reforçou que “a relação entre os EUA e o Reino Unido é a mais próxima entre dois países no mundo”, e afirmou acreditar que os Estados Unidos colaborarão para um cessar-fogo na Ucrânia, desde que os europeus ofereçam garantias de segurança aos ucranianos.
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Com informações: G1
[…] Líderes europeus defendem rearmamento e paz pela força para proteger a Ucrânia da Rússia […]